Dicas de 4 patas

Como transportar cães e gatos com segurança no carro

Viajar de carro com cães e gatos pode ser uma experiência tranquila, segura e até prazerosa — desde que alguns cuidados importantes sejam respeitados. Ao contrário do que muitos pensam, transportar um pet solto dentro do veículo não é apenas perigoso, mas também proibido pela legislação brasileira. A segurança, o conforto e o bem-estar do animal devem ser prioridade em qualquer trajeto, seja ele curto ou longo.

Além da questão legal, é preciso lembrar que cada animal reage de forma diferente ao carro. Enquanto alguns adoram o passeio, colocam a cabeça para fora da janela e demonstram empolgação, outros podem ficar ansiosos, enjoados, com medo ou até agressivos. Por isso, o tutor deve se preparar para oferecer não só segurança física, mas também estabilidade emocional durante o trajeto.

Neste artigo, você vai aprender tudo o que precisa para transportar seu pet de forma correta, confortável e dentro da lei — seja para uma ida rápida ao veterinário, um passeio no parque ou uma viagem mais longa.

Por que não é seguro levar o pet solto no carro

Apesar de ser comum ver cães com a cabeça para fora da janela ou gatos soltos no banco de trás, esse hábito é extremamente perigoso — tanto para o animal quanto para os ocupantes do veículo.

Em caso de freadas bruscas ou acidentes, um animal solto pode se machucar gravemente, ser projetado para fora do carro, atingir os passageiros ou até causar a perda de controle do veículo. Além disso, um pet em movimento pode distrair o motorista, atrapalhar a visibilidade ou interferir nos comandos do carro.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), transportar animais de forma inadequada pode gerar multa e pontos na carteira de habilitação, além da apreensão do veículo em casos mais graves. O artigo 252 proíbe expressamente que o motorista conduza pessoas, animais ou volumes entre seus braços e pernas, ou de forma que atrapalhe a condução segura.

Por isso, é fundamental adotar métodos corretos de transporte que garantam a segurança e o bem-estar de todos.

Formas corretas de transporte

Existem diferentes formas de transportar cães e gatos com segurança no carro, e a escolha vai depender do tamanho, temperamento e comportamento do animal.

Caixa de transporte

É a forma mais indicada, especialmente para gatos e cães de pequeno porte. A caixa de transporte deve ser do tamanho ideal para o animal: grande o suficiente para que ele possa ficar de pé, se virar e deitar confortavelmente.

A caixa deve ser fixada ao cinto de segurança ou posicionada no assoalho, atrás dos bancos dianteiros, para evitar que se mova durante curvas ou freadas. Também é importante forrá-la com um tapete ou toalha, além de incluir um brinquedo ou coberta com cheiro familiar.

Cinto de segurança com peitoral

Para cães de médio e grande porte, o uso do cinto de segurança específico para pets é uma alternativa prática e segura. O cinto é preso ao peitoral (nunca à coleira) e, em seguida, conectado ao encaixe do cinto convencional do carro.

Esse tipo de equipamento permite que o cão se sente ou deite com conforto, mas impede que ele se mova livremente ou salte pelas janelas.

Assento elevado ou cadeirinha

Cães pequenos que gostam de observar o movimento podem usar assentos elevados ou cadeirinhas específicas. Elas funcionam como um “bercinho”, oferecendo visão, segurança e estabilidade. Assim como a caixa, devem ser fixadas corretamente ao cinto do carro.

Redes de proteção ou grades divisórias

Para quem transporta o pet no porta-malas de SUVs ou peruas, é obrigatório instalar uma grade divisória que separe o compartimento dos passageiros. Também existem redes de contenção que limitam o movimento do animal, evitando que ele chegue à frente do carro.

Como acostumar o pet ao transporte

Não adianta apenas colocar o pet no carro e esperar que tudo ocorra bem. Muitos animais sentem medo, enjoo ou estranheza, principalmente se associam o carro a experiências negativas, como idas ao veterinário.

Por isso, o ideal é fazer uma adaptação gradual. Comece com o carro parado: coloque o animal dentro da caixa ou com o cinto e fique ao lado dele por alguns minutos, oferecendo petiscos e carinho. Depois, faça trajetos curtos e vá aumentando o tempo de viagem aos poucos.

Alguns cuidados ajudam nessa adaptação:

  • Evite alimentar o pet por pelo menos 2 horas antes do trajeto;
  • Mantenha o ambiente ventilado, mas sem vento direto no rosto do animal;
  • Use feromônios sintéticos (sprays ou difusores) para acalmar gatos;
  • Leve brinquedos ou objetos familiares;
  • Nunca force o pet a entrar no carro — use reforço positivo.

Se, mesmo com treino, o animal continuar demonstrando medo extremo, agressividade ou enjoos intensos, o mais indicado é consultar um veterinário. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicações específicas para viagens.

Dicas extras para trajetos longos

Em viagens maiores, o transporte exige ainda mais planejamento. O pet precisa de pausas, hidratação, conforto térmico e segurança.

  • Faça paradas a cada 2 ou 3 horas para que o cão possa andar um pouco, fazer xixi e beber água. No caso dos gatos, o ideal é mantê-los dentro da caixa e usar uma bandeja portátil, se necessário.
  • Leve itens essenciais como água fresca, potes, ração, sacos higiênicos, lenços umedecidos, tapete higiênico e documentos do animal (principalmente carteira de vacinação).
  • Mantenha o carro em temperatura agradável — nem muito quente, nem frio demais.
  • Nunca deixe o animal sozinho no carro estacionado, mesmo por alguns minutos. O risco de hipertermia e sufocamento é altíssimo, mesmo em dias nublados.

O que diz a lei sobre transporte de pets

Além do artigo 252 do CTB, a Resolução nº 14/98 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determina que os animais devem ser transportados de forma que não comprometam a segurança do veículo, do condutor ou dos demais ocupantes.

A multa por transporte inadequado pode chegar a R$ 130,16, com acréscimo de 4 pontos na CNH. Em situações mais graves, como acidentes causados pela presença do pet solto, o motorista pode responder por imprudência e ter consequências legais maiores.

Portanto, transportar o pet da forma correta não é uma escolha — é uma obrigação legal e moral.

E se o animal não gostar de sair de casa?

Alguns cães e, principalmente, gatos, são mais caseiros e reagem com muito estresse a qualquer deslocamento. Nesses casos, o ideal é avaliar se a viagem é mesmo necessária. Para idas ao veterinário, por exemplo, muitos profissionais já oferecem atendimento domiciliar.

Quando for inevitável transportar um animal extremamente sensível, o tutor deve redobrar os cuidados com o ambiente interno, reduzir ao máximo os estímulos e manter contato verbal e físico tranquilizador. E, sempre que possível, buscar ajuda profissional para dessensibilizar o pet com técnicas de treinamento positivo.

Segurança, vínculo e bem-estar andam juntos

Transportar cães e gatos no carro exige mais do que boa intenção. É preciso responsabilidade, conhecimento e preparo. O carro não deve ser um lugar de medo ou desconforto, mas sim uma extensão da segurança que o pet sente em casa.

Com o equipamento certo, adaptação gradual e muito respeito pelos sinais do animal, o transporte deixa de ser um problema e passa a ser uma oportunidade de convívio, passeio e fortalecimento do vínculo.

Afinal, quando o tutor se preocupa em tornar cada trajeto mais seguro e confortável, o pet retribui com confiança, tranquilidade e, muitas vezes, até entusiasmo ao ver que um novo passeio está por vir.

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