Como identificar e prevenir alergias em cães e gatos
Cães e gatos, assim como os humanos, podem desenvolver diferentes tipos de alergias ao longo da vida — e nem sempre os sintomas são evidentes de imediato. O tutor atento consegue perceber pequenos sinais no comportamento, na pele e até no humor do animal que indicam que algo no ambiente, na alimentação ou na rotina está causando desconforto.
O desafio está justamente nisso: as alergias podem se manifestar de formas sutis e variadas, e o diagnóstico depende de uma combinação entre observação do dia a dia e apoio veterinário. Em muitos casos, o que parece um simples hábito do pet — como se lamber demais ou vomitar esporadicamente — pode ser, na verdade, o corpo reagindo a um alérgeno.
Neste artigo, você vai entender como essas alergias surgem, quais os sintomas menos óbvios e como evitar que seu pet sofra com crises que poderiam ser prevenidas.
Nem sempre é só coceira
É comum pensar que alergia em pet se resume a coceira ou pele avermelhada, mas a realidade é bem mais ampla. As reações alérgicas podem afetar diferentes sistemas do corpo: pele, trato gastrointestinal, sistema respiratório e até comportamento. Um gato que para de comer subitamente, ou um cão que rói compulsivamente a pata, pode estar manifestando sinais de uma alergia.
Muitas dessas reações têm evolução lenta, o que dificulta a percepção imediata. Por isso, a atenção aos pequenos detalhes da rotina do animal é o melhor caminho para perceber alterações ainda nos estágios iniciais. Mudanças sutis de humor, apatia leve ou até sono excessivo em momentos do dia incomuns também são indicativos que merecem análise.
Três tipos principais de alergias
Para entender como agir, é importante saber o que está por trás da reação alérgica. De modo geral, podemos dividir as alergias dos pets em três grandes grupos:
- Alergia alimentar: resultado de uma hipersensibilidade a determinadas proteínas ou componentes da ração ou petiscos. Pode causar sintomas gastrointestinais, dermatológicos ou ambos.
- Alergia a picadas de parasitas: especialmente pulgas, mas também carrapatos. Uma única picada pode desencadear intensa inflamação na pele, com coceira persistente.
- Alergia ambiental (atopia): causada por elementos presentes no ar ou no ambiente, como ácaros, mofo, pólen, poeira, tecidos, plásticos ou produtos de limpeza.
Cada uma dessas alergias pode se manifestar com intensidade diferente e afetar regiões específicas do corpo do animal. Por isso, não existe uma “receita padrão” de tratamento — é preciso olhar para o pet como um todo.
Como perceber que o pet está sofrendo com uma alergia?
Alguns sinais são mais comuns do que outros, mas o mais importante é observar quando esses comportamentos se tornam repetitivos ou parecem desproporcionais à situação. Um pet que coça uma vez ao dia pode estar apenas se limpando. Mas se a coceira é frequente, acompanhada de vermelhidão, queda de pelos ou lambedura compulsiva, o alerta está aceso.
Outros sintomas que merecem atenção incluem:
- Otites recorrentes;
- Lesões nas patas ou nas orelhas;
- Diarreia ou vômito sem mudança alimentar recente;
- Cheiro forte na pele mesmo com higiene regular;
- Diminuição do apetite sem motivo claro.
Gatos, em especial, tendem a esconder sintomas. Eles se limpam com mais intensidade e, ao se lamberem excessivamente, podem causar falhas na pelagem sem que o tutor perceba o motivo. Isso faz com que muitas alergias sejam diagnosticadas tardiamente.
A prevenção está no cotidiano
Mais do que tratar crises, o ideal é adotar hábitos que reduzem o risco de alergias. E isso envolve atenção com o que o pet come, com o ambiente onde vive e com os produtos que entram em contato com ele.
Comece pela alimentação. Trocas frequentes de ração, uso de petiscos industrializados de baixa qualidade ou restos de comida humana são fatores de risco. Sempre que possível, mantenha uma dieta estável, recomendada por veterinário, e evite “experimentos” alimentares — mesmo que bem-intencionados.
O ambiente também deve ser monitorado. Produtos de limpeza com perfumes fortes, aromatizantes elétricos, sprays, cigarros e tecidos sintéticos podem desencadear reações alérgicas. O ideal é manter a casa ventilada, livre de pó acumulado, e com tecidos laváveis em mantas, camas e brinquedos.
Outro ponto crucial é o controle de pulgas. Muitos tutores acham que não precisam usar antipulgas se não veem o parasita no animal — o que é um erro. A prevenção contínua é a melhor forma de evitar que uma simples picada desencadeie uma inflamação severa.
Quando procurar ajuda profissional?
Se você suspeita que seu pet está sofrendo com alergias, o melhor caminho é buscar orientação veterinária. O profissional poderá indicar testes de alergia, iniciar uma dieta de exclusão ou orientar sobre mudanças no ambiente.
O diagnóstico costuma ser feito por eliminação: exclui-se parasitas, depois ingredientes alimentares, depois substâncias ambientais. É um processo que exige paciência, mas que pode oferecer resultados duradouros e melhorar significativamente a qualidade de vida do pet.
Além disso, algumas raças são geneticamente mais predispostas a alergias, como o Shar Pei, Bulldog Francês, West Highland White Terrier e gatos da raça Siamês. Se seu pet faz parte desse grupo, a vigilância deve ser ainda mais cuidadosa.
Alergias podem ser controladas — com atenção e carinho
Mesmo sem cura definitiva, a maioria das alergias pode ser controlada com sucesso. E isso depende mais da rotina do tutor do que de medicamentos. Observar, prevenir e ajustar o dia a dia do pet são atitudes simples, mas poderosas.
Seu cão ou gato não vai conseguir dizer com palavras que algo o incomoda — mas ele demonstra. E quando o tutor escolhe olhar com sensibilidade, investigar sem pressa e agir com responsabilidade, o sofrimento diminui e o bem-estar se torna possível.
Alergia não é frescura: é o corpo do seu pet pedindo ajuda. E você pode oferecer essa ajuda, todos os dias.

