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Como lidar com pets que têm medo de barulhos altos (fogos, trovões, etc.)

O medo de barulhos altos é uma das queixas mais comuns entre tutores de cães e gatos. Fogos de artifício, trovões, aspiradores de pó, motos e até portas batendo podem causar reações intensas de medo, ansiedade e até pânico nos pets. E ao contrário do que muitos pensam, esse não é um “mimo” ou uma “frescura”: é uma resposta emocional real e, em muitos casos, extremamente debilitante.

Cães e gatos possuem sentidos mais aguçados do que os humanos, especialmente a audição. Sons que parecem normais para nós podem ser intensos, confusos e até dolorosos para eles. E quando não conseguem identificar a origem do ruído, seu cérebro entra em modo de sobrevivência — como se estivessem em perigo iminente.

Neste artigo, você vai entender por que os pets têm tanto medo de barulhos altos, quais são os sinais de que o medo está fugindo do controle, e como ajudar o seu animal a lidar com essas situações de maneira mais saudável e segura.

Por que barulhos altos causam tanto medo?

O medo é uma resposta biológica natural diante de um estímulo que parece representar ameaça. No caso dos pets, barulhos intensos e inesperados ativam uma região do cérebro chamada amígdala, responsável por interpretar riscos. O problema é que, quando não há referência visual clara, o som se torna ainda mais assustador.

Fogos de artifício, por exemplo, são explosivos, imprevisíveis e não têm um padrão que o animal possa reconhecer. Da mesma forma, trovões são acompanhados de vibrações, mudanças de pressão e eletricidade no ar — tudo isso é sentido com intensidade por cães e gatos.

Além disso, experiências traumáticas anteriores, genética e temperamento influenciam na forma como o animal reage. Alguns pets já nascem mais sensíveis e reativos a estímulos sonoros, e sem um trabalho de dessensibilização, a tendência é que o medo aumente com o tempo.

Sinais de que o medo está se tornando um problema

Nem todo desconforto com som é motivo de alarme. Mas quando o pet passa de um leve incômodo para um quadro de ansiedade severa, é hora de agir. Os sinais variam de animal para animal, mas podem incluir:

  • Tremores intensos;
  • Tentativas de fuga ou esconderijo (entrar em armários, embaixo de camas, ou até tentar pular janelas);
  • Salivação excessiva;
  • Latidos ou miados persistentes;
  • Respiração acelerada e ofegante;
  • Urinar ou defecar involuntariamente;
  • Destruição de portas, rodapés ou objetos na tentativa de escapar;
  • Recusa em comer, mesmo após o barulho ter cessado.

Quando essas reações se repetem com frequência, o animal pode desenvolver fobias, o que compromete seu bem-estar de forma profunda. Nesse ponto, o medo já deixou de ser uma resposta normal e passou a ser uma condição que requer intervenção.

Como ajudar seu pet a lidar com o medo

Existem várias estratégias que podem ser adotadas para ajudar cães e gatos a lidarem melhor com sons altos. A escolha vai depender da gravidade da reação, da idade do pet e do histórico de experiências anteriores.

1. Crie um refúgio seguro

Ofereça ao pet um local da casa onde ele possa se esconder confortavelmente quando estiver assustado. Esse espaço deve ser silencioso, escuro (ou com iluminação suave), ventilado e com objetos familiares (cobertores, brinquedos, roupas com o cheiro do tutor).

Evite forçar o animal a sair de onde está. Quando ele escolhe um esconderijo, é porque se sente mais seguro ali. Sua presença pode ser reconfortante, mas apenas se o pet buscar contato — não insista.

2. Use sons ambientes para neutralizar o barulho externo

Barulhos brancos, como ventiladores, músicas calmas ou gravações próprias para pets (disponíveis em plataformas de áudio), ajudam a mascarar ruídos intensos. Deixe tocando de forma suave no ambiente quando souber que haverá fogos ou tempestades.

3. Mantenha a rotina o mais previsível possível

Durante épocas festivas (como réveillon ou festas de bairro), mantenha os hábitos do pet: alimente nos mesmos horários, brinque, mantenha a iluminação semelhante. A previsibilidade ajuda a reduzir o estresse e sinaliza que está tudo bem.

4. Não reforce o medo, mas também não ignore

Existe um mito de que “consolar o pet” durante o medo reforça o comportamento. Isso é falso. O que reforça o medo é punir ou ficar ansioso junto com o animal.

Se o pet vier até você em busca de segurança, acolha com calma e carinho, mas sem superestimular. Fale com voz suave, mantenha os gestos lentos e transmita tranquilidade com o corpo. O mais importante é que você seja um ponto de estabilidade para ele.

5. Dessensibilização e treino com reforço positivo

Em casos leves a moderados, é possível ensinar o animal a reagir com menos medo por meio da dessensibilização gradual. Essa técnica consiste em expor o pet a sons similares, mas em volume muito baixo, enquanto ele realiza uma atividade prazerosa (como brincar ou comer petiscos).

Com o tempo, o som vai sendo aumentado pouco a pouco, sempre associado a algo bom. Esse processo deve ser feito com orientação profissional, para evitar reforçar o trauma.

6. Suporte veterinário e terapias complementares

Se o medo for severo, pode ser necessário o uso de medicamentos prescritos por um veterinário para controlar os sintomas de pânico. Além disso, terapias complementares como florais, feromônios sintéticos, homeopatia e acupuntura podem ajudar no controle da ansiedade.

Também existem coletes de compressão, como o ThunderShirt, que aplicam uma leve pressão no corpo do cão e promovem sensação de segurança em situações de estresse.

E os gatos? Como lidar com o medo em felinos?

Gatos, por natureza, já são mais sensíveis a sons e vibrações. Eles preferem o silêncio, o controle do território e evitam situações imprevisíveis. Quando expostos a barulhos altos, tendem a se esconder ou ficar paralisados.

As orientações são similares: garantir refúgio seguro, manter o ambiente estável, evitar forçar contato e oferecer estímulos suaves para distrair e tranquilizar. Feromônios sintéticos (como o Feliway) podem ajudar a manter o gato mais relaxado em épocas de maior estresse.

Importante: nunca retire o gato à força do local onde ele se escondeu. Isso apenas aumenta a sensação de ameaça.

Cuidar do medo é cuidar do vínculo

Muitos tutores se sentem impotentes diante do pânico do pet, mas é importante lembrar: só o fato de você se preocupar, já é parte da solução. Cuidar do medo é um gesto de empatia. É entender que o seu companheiro sente, sofre e precisa de você para atravessar momentos difíceis.

Com paciência, apoio e informação correta, é possível reduzir significativamente o impacto dos barulhos na vida do pet — e devolver a ele a paz que todo animal merece.

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