Cuidados do pet

Como manter cães e gatos seguros durante viagens e deslocamentos

Viajar com cães e gatos pode ser uma experiência enriquecedora, mas também traz uma série de responsabilidades e cuidados específicos. Seja um passeio curto de carro, uma mudança de cidade ou até mesmo uma viagem de férias mais longa, garantir a segurança e o bem-estar dos pets durante todo o percurso é uma prioridade que não pode ser negligenciada. Muitos tutores cometem o erro de tratar a presença do animal como um detalhe da viagem, quando na verdade, transportar um cão ou gato exige planejamento, adaptação e sensibilidade.

Antes de mais nada, é importante lembrar que animais não lidam com deslocamentos da mesma forma que os humanos. Mesmo os pets mais sociáveis e tranquilos podem sentir-se estressados quando são retirados do ambiente que conhecem, inseridos em um carro em movimento, em meio a cheiros e ruídos desconhecidos, e com a rotina completamente alterada. Cães podem ficar agitados, latir, babar ou até enjoar. Gatos, por outro lado, costumam reagir com medo, tremores e tentativas de fuga. Diante disso, o primeiro passo é compreender que a segurança do pet começa muito antes da partida.

A preparação adequada envolve avaliar o tipo de transporte a ser utilizado, o tempo de deslocamento, o clima previsto, as condições de saúde do animal e a legislação vigente — especialmente em viagens interestaduais ou internacionais. Muitos países exigem documentação sanitária, microchip, vacinação específica e até quarentena, dependendo da origem e do destino. Mesmo para viagens dentro do Brasil, é necessário estar atento às exigências da companhia aérea ou rodoviária, caso o deslocamento não seja feito de carro.

Se o trajeto for de automóvel, como é comum em viagens de fim de semana ou férias, o ideal é acostumar o pet com o veículo alguns dias antes da viagem. Isso pode ser feito com passeios curtos, onde o animal se familiarize com o ambiente do carro sem associá-lo apenas a idas ao veterinário. É essencial que o cão ou gato esteja sempre contido com segurança. No caso dos cães, o uso de cinto de segurança apropriado ou caixa de transporte fixada ao cinto é obrigatório. Para gatos, a caixa de transporte é indispensável e deve ser colocada no banco traseiro, em posição firme, preferencialmente coberta com um tecido leve para minimizar os estímulos visuais e reduzir o estresse.

Viajar com o animal solto no carro não é apenas perigoso — é proibido por lei e pode resultar em multas, além de representar um risco enorme em caso de frenagem brusca ou acidente. Mesmo em trajetos curtos, um pet solto pode pular no colo do motorista, atrapalhar a condução e colocar todos em risco. Além disso, a caixa de transporte transmite ao animal a sensação de um local seguro e delimitado, o que contribui para que ele relaxe mais facilmente durante o deslocamento.

Durante a viagem, algumas atitudes simples fazem toda a diferença para o conforto do pet. É recomendável fazer paradas a cada duas ou três horas para que o cão possa caminhar, beber água e fazer suas necessidades. Gatos, por sua natureza, não costumam se alimentar ou evacuar fora de casa, mas ainda assim é importante oferecer água fresca em intervalos regulares. Nunca se deve deixar o animal dentro do carro com os vidros fechados, mesmo por poucos minutos. A temperatura interna de um veículo parado pode subir rapidamente, colocando o pet em risco de hipertermia ou até morte por insolação.

Outro ponto importante é a alimentação. Nos dias que antecedem a viagem, evite oferecer alimentos diferentes ou em excesso. Durante o deslocamento, o ideal é alimentar o animal com uma porção reduzida cerca de duas a três horas antes da saída. Assim, reduz-se o risco de enjoos e vômitos. Para animais que já demonstraram sensibilidade ao movimento do carro, o tutor pode conversar com o veterinário sobre o uso de medicamentos para enjoo ou tranquilizantes leves — sempre com prescrição e orientação profissional.

Além dos cuidados físicos, é fundamental considerar o bem-estar emocional do pet. Levar objetos familiares, como uma manta com o cheiro do tutor, brinquedos preferidos ou até a caminha habitual, ajuda a reduzir a ansiedade. Animais são muito sensíveis a cheiros e referências sensoriais, e esses elementos conhecidos funcionam como âncoras emocionais, trazendo conforto e segurança mesmo em um ambiente novo.

Se a viagem for de avião, os cuidados se intensificam. É necessário verificar as regras da companhia aérea com antecedência. Algumas permitem o transporte do pet na cabine, desde que ele esteja dentro de uma caixa de transporte com dimensões específicas e não ultrapasse determinado peso. Outras exigem que o animal seja despachado como carga viva, o que implica um protocolo mais complexo, com check-in diferenciado, cuidados com temperatura, tempo de conexão e transporte interno dentro dos aeroportos.

Nesse tipo de viagem, a documentação obrigatória inclui carteira de vacinação atualizada, atestado de saúde emitido por um veterinário (geralmente com validade de até dez dias), e em alguns casos, comprovante de vermifugação ou aplicação de antipulgas. Para viagens internacionais, a emissão do Certificado Veterinário Internacional (CVI) é obrigatória, com antecedência variável conforme o destino. Alguns países ainda exigem quarentena, microchip, exame sorológico e outras exigências específicas. O não cumprimento dessas regras pode levar à recusa do embarque ou à retenção do animal na chegada.

Gatos são particularmente sensíveis a deslocamentos. Ao contrário dos cães, que muitas vezes associam passeios e deslocamentos a algo positivo, os felinos tendem a resistir a qualquer mudança de ambiente. Por isso, ao viajar com um gato, o ideal é preparar o ambiente da caixa de transporte de forma acolhedora, com toalhas dobradas, um brinquedo leve e um borrifador de feromônio sintético felino, que ajuda a reduzir o estresse. É comum que o gato fique quieto, se esconda e só volte a se alimentar muitas horas depois da chegada. O tutor deve respeitar esse tempo de adaptação e evitar forçar o contato ou apresentar o novo ambiente de forma abrupta.

Ao chegar ao destino, o ideal é permitir que o animal explore o novo ambiente aos poucos. Para cães, é possível passear pelo entorno com guia e ir apresentando os espaços de forma gradativa. Para gatos, o ideal é deixá-lo inicialmente em um único cômodo fechado, com seus objetos, água, comida e caixa de areia. Quando ele demonstrar curiosidade e tranquilidade, os outros cômodos podem ser liberados progressivamente. Esse cuidado reduz o risco de fuga, estresse e acidentes.

Se o local de destino não for pet friendly, é essencial planejar com antecedência onde o pet ficará. Jamais se deve deixar um cão ou gato sozinho em locais inapropriados, com temperatura inadequada ou sem vigilância. Hospedagens específicas, casas de amigos, pet hotels ou mesmo o acompanhamento de um cuidador profissional podem ser opções, caso o tutor não possa levar o animal consigo.

A verdade é que a experiência de viajar com um pet pode ser extraordinária quando o planejamento é feito com responsabilidade. Além de fortalecer o vínculo entre tutor e animal, essa convivência em novos contextos oferece estímulos diferentes, novas descobertas e momentos de alegria compartilhada. No entanto, o sucesso desse processo depende exclusivamente da atenção aos detalhes, do respeito às necessidades do pet e da preparação cuidadosa de cada etapa do trajeto.

A segurança não está apenas nos cintos e nas caixas de transporte. Ela começa na atitude do tutor, no cuidado com a rotina do animal e na capacidade de antecipar riscos, garantindo que, mesmo fora de casa, o pet se sinta tão protegido quanto se estivesse em seu cantinho habitual.

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