A relação entre o olfato dos pets e o bem-estar emocional
Cães e gatos percebem o mundo de uma forma bem diferente da nossa. Enquanto os humanos são altamente visuais, os animais de estimação baseiam grande parte da sua interpretação do ambiente e das relações sociais através do olfato.
Essa capacidade sensorial é tão desenvolvida que influencia não apenas o comportamento, mas também o estado emocional, os vínculos sociais e a saúde mental dos pets.
Neste artigo, vamos explorar como o olfato impacta diretamente o bem-estar emocional dos cães e gatos, como os cheiros influenciam o humor dos animais e como você pode usar esse conhecimento para promover um ambiente mais equilibrado e feliz para o seu pet.
O olfato como centro da percepção animal
Cães possuem entre 200 e 300 milhões de receptores olfativos, enquanto os humanos têm cerca de 5 milhões. Gatos têm menos do que os cães, mas ainda assim superam os humanos em sensibilidade.
Mais do que detectar odores, os pets conseguem interpretar mensagens complexas através dos cheiros: medo, alegria, presença de outros animais, mudanças hormonais, doenças e até alterações no humor do tutor.
Isso ocorre porque o olfato está diretamente conectado ao sistema límbico — região do cérebro responsável pelas emoções e pela memória. Ou seja, um cheiro pode, literalmente, mudar o humor de um pet.
Além disso, cães e gatos contam com um órgão especializado chamado órgão vomeronasal (ou órgão de Jacobson), que capta feromônios — substâncias químicas não perceptíveis para humanos, mas que carregam informações emocionais entre os animais.
Emoções que “cheiram”
Os pets “leem” o mundo com o nariz. Um gato pode detectar o cheiro de um cachorro desconhecido em sua casa mesmo que não o veja. Um cão pode perceber que seu tutor está nervoso apenas pelo odor do suor — e reagir com inquietação ou medo.
Assim como um cheiro familiar pode trazer conforto, odores novos ou intensos podem gerar:
- Estresse;
- Irritabilidade;
- Medo;
- Desorientação.
Ambientes com muitos estímulos olfativos desconhecidos podem deixar o pet hiperalerta — o que eleva o nível de cortisol e impacta o equilíbrio emocional. Por isso, mudanças repentinas de ambiente, perfumes fortes, produtos de limpeza agressivos ou o cheiro de outros animais podem desencadear desconforto psicológico.
Cheiros que acalmam, cheiros que incomodam
Alguns aromas são reconhecidamente agradáveis para os pets e podem ser usados de forma estratégica para induzir relaxamento. Outros, por outro lado, devem ser evitados.
Cheiros que geralmente agradam e acalmam:
- Lavanda (em concentrações seguras);
- Camomila;
- Cheiro do próprio tutor (roupas usadas, lençóis);
- Cheiros da natureza (terra, grama, madeira).
Estes aromas costumam ativar áreas do cérebro ligadas à segurança, à familiaridade e ao bem-estar.
Cheiros que podem causar estresse:
- Cítricos muito intensos (limão, laranja);
- Produtos de limpeza com cloro ou amônia;
- Álcool, acetona e removedores;
- Óleos essenciais não indicados para uso com pets;
- Fumaça de cigarro;
- Odor de outros animais (quando desconhecidos ou invasivos).
Em ambientes fechados como apartamentos, esses cheiros se tornam ainda mais concentrados — o que pode gerar sintomas físicos (náusea, respiração ofegante, salivação excessiva) e comportamentais (esconder-se, vocalizar, agressividade leve).
O poder dos feromônios sintéticos
Baseado na química natural dos animais, foram desenvolvidos produtos que imitam feromônios calmantes, usados para:
- Ajudar na adaptação de novos pets;
- Reduzir o estresse de viagens ou mudanças;
- Diminuir comportamentos indesejados causados por ansiedade;
- Promover um ambiente mais equilibrado em casas com múltiplos animais.
Disponíveis em spray, difusores e coleiras, os feromônios não têm cheiro perceptível para humanos, mas são interpretados pelo cérebro do animal como um sinal de segurança.
Como usar o olfato a favor do bem-estar do seu pet
Você pode transformar o ambiente da sua casa em um espaço emocionalmente mais saudável simplesmente prestando atenção nos cheiros que o cercam. Algumas atitudes práticas incluem:
- Evitar produtos de limpeza fortes onde o pet dorme ou come;
- Oferecer brinquedos com cheiro do tutor para promover conforto;
- Rotacionar objetos com aromas suaves para estimular a curiosidade e reduzir o tédio;
- Utilizar feromônios calmantes em momentos de estresse, como festas, visitas ou viagens;
- Observar como o pet reage a diferentes aromas e ajustar o ambiente conforme o que o acalma.
Além disso, manter objetos que carregam o cheiro do próprio pet — como cobertores, brinquedos antigos e caminhas — é importante para reforçar a sensação de “território seguro”.
O nariz é a chave do bem-estar
Compreender o papel do olfato no cotidiano dos pets é um passo importante para tutores que desejam oferecer mais do que cuidados básicos.
Quando você ajusta o ambiente ao que o pet sente — e não apenas ao que você vê — promove um bem-estar mais profundo, mais respeitoso e mais duradouro.
O humor de um pet pode mudar com uma simples troca de aroma no ambiente. O vínculo entre vocês pode ser reforçado com o cheiro da sua roupa preferida. E a paz emocional que ele tanto precisa pode estar no ar — literalmente.
No mundo dos cães e gatos, os cheiros falam. Cabe a nós aprender a escutar com mais sensibilidade.

