Doenças silenciosas em cães e gatos: sintomas pouco conhecidos que exigem atenção
Quando pensamos em doenças em cães e gatos, é comum imaginarmos sintomas visíveis: vômitos, feridas, tosse ou dificuldade para andar. No entanto, a realidade é que muitas doenças graves se desenvolvem de forma silenciosa, com sinais sutis ou facilmente confundidos com “coisas normais” do dia a dia.
Por serem mestres em esconder dor ou desconforto, cães e, principalmente, gatos podem estar doentes por semanas ou meses antes de o tutor perceber algo errado. E nesse intervalo, a doença avança, o tratamento se torna mais difícil — e o risco para a saúde do animal aumenta.
Neste artigo, vamos abordar as principais doenças silenciosas que acometem cães e gatos, quais são os sinais menos óbvios que devem acender um alerta, e como o tutor pode agir de forma preventiva, mesmo sem sintomas claros.
Por que pets escondem sintomas?
Em seu instinto natural, cães e gatos não demonstram fraqueza com facilidade. Isso remonta ao comportamento dos seus ancestrais selvagens: um animal doente se tornava vulnerável à exclusão ou ao ataque de predadores.
Mesmo domesticados, esse comportamento persiste. Gatos, por exemplo, são conhecidos por se esconderem quando estão doentes. Cães, embora mais expressivos, também podem “disfarçar” sintomas, especialmente se quiserem continuar agradando o tutor.
Por isso, cabe ao tutor observar pequenas mudanças no comportamento, apetite, rotina e aparência física do pet — porque nelas podem estar os primeiros sinais de que algo está errado.
Doenças silenciosas comuns em cães e gatos
Vamos explorar algumas das principais doenças silenciosas e seus sinais menos conhecidos.
1. Doença renal crônica (DRC)
Acomete mais os gatos, mas também ocorre em cães idosos.
Aos poucos, os rins perdem a capacidade de filtrar o sangue corretamente. Os sinais iniciais são muito sutis:
- Aumento leve da sede;
- Mais urina que o normal (ou mais clara);
- Perda de apetite esporádica;
- Mau hálito discreto;
- Perda de peso lenta e progressiva;
- Apatia intermitente.
Quando os sintomas se tornam evidentes, mais de 70% da função renal já pode estar comprometida.
2. Hipotireoidismo (em cães)
Ocorre quando a glândula tireoide produz menos hormônio do que o necessário. Os sinais muitas vezes passam despercebidos:
- Cansaço incomum;
- Ganho de peso mesmo com pouca comida;
- Pelagem mais opaca, seca ou caindo em excesso;
- Intolerância ao frio;
- Mudança no humor (mais quieto, desinteressado).
Muitos tutores acham que o cão está “apenas envelhecendo”, quando na verdade há um problema hormonal.
3. Hipertireoidismo (em gatos)
O oposto do anterior, comum em gatos mais velhos. A tireoide produz hormônio em excesso.
Sinais pouco reconhecidos:
- Fome intensa com perda de peso;
- Agitação repentina;
- Miados excessivos (especialmente à noite);
- Taquicardia;
- Pelagem sem brilho.
É uma doença progressiva, mas altamente tratável quando diagnosticada a tempo.
4. Diabetes mellitus
Afeta cães e gatos e costuma evoluir silenciosamente.
Sinais discretos:
- Aumento gradual da sede e urina;
- Perda de peso apesar da alimentação normal;
- Catarata súbita (em cães);
- Apatia leve;
- Infecções recorrentes (urinárias, gengivais).
Sem tratamento, pode causar coma ou levar à morte.
5. Doença dentária avançada
Muitos tutores acreditam que mau hálito é “normal” em pets, mas na verdade, pode ser o primeiro sinal de doença periodontal — que afeta a gengiva, os ossos e os órgãos internos.
Sinais ignorados com frequência:
- Mau hálito persistente;
- Dificuldade para mastigar;
- Gengiva avermelhada ou retraída;
- Salivação excessiva;
- Dentes escurecidos;
- Sangue no brinquedo ou pote de comida.
A inflamação bucal crônica pode afetar o coração, rins e fígado.
6. Artrose e dor crônica
Comum em cães idosos e gatos adultos, muitas vezes não é detectada porque os animais param de se mover em vez de reclamar de dor.
Sinais silenciosos:
- Evitar subir ou descer degraus;
- Menos interesse por brincadeiras;
- Mudança na posição ao dormir;
- Irritação ao ser tocado em determinadas áreas;
- Falta de vontade para caminhar.
A artrose pode ser controlada com mudanças no ambiente, medicamentos e fisioterapia.
7. Câncer em estágio inicial
Tumores internos podem se desenvolver sem sintomas aparentes por muito tempo.
Sinais pouco específicos:
- Apatia;
- Perda de peso;
- Vômitos ocasionais;
- Inchaço abdominal;
- Sangramentos esporádicos (nas fezes, por exemplo).
A detecção precoce é o principal fator para tratamento eficaz.
O que o tutor pode fazer na prática?
Prevenir e detectar doenças silenciosas exige atenção diária e proatividade com a saúde do pet. Veja como agir:
1. Observe mudanças sutis de comportamento
- Um pet que dorme mais que o normal;
- Um gato que se esconde com mais frequência;
- Um cão que parou de correr atrás da bolinha…
Essas pequenas alterações podem dizer muito.
2. Fique atento ao apetite e à hidratação
Apetite seletivo, sede fora do padrão, recusa de petiscos favoritos — tudo isso merece atenção.
3. Faça check-ups periódicos com o veterinário
A recomendação ideal é:
- Cães e gatos adultos: uma consulta por ano;
- Idosos (acima de 7 anos): duas vezes por ano, com exames de sangue e urina.
Mesmo sem sintomas, exames periódicos detectam alterações invisíveis.
4. Higiene oral como rotina
Escovar os dentes do pet (ou usar produtos alternativos seguros) pode prevenir uma série de complicações. Mau hálito constante deve ser investigado.
5. Pese seu pet com frequência
Uma simples perda ou ganho de peso pode ser o primeiro indício de problemas metabólicos.
Detecção precoce salva vidas
A maioria das doenças silenciosas não é detectada porque o tutor não está procurando por elas.
Cuidar de um pet vai além de alimentar, brincar ou passear — é observar, perceber e agir antes que os sintomas gritem.
Quando o diagnóstico vem cedo, as chances de controle, tratamento e até cura aumentam drasticamente. E, mais do que isso, você oferece ao seu pet uma vida com mais conforto, saúde e dignidade.
Amar é também cuidar do que não se vê.

